segunda-feira, 16 de março de 2015

a espera e o cão

"
Um homem chegou no dia
em que não havia espera.
Na porta, somente o cão
guardava o tempo.
E o tempo era correr
atrás do rabo.
O homem tomou o castelo,
a cama, o arco.
Agora, dorme ao meu lado
descansa da travessia.
Não sabe seu gosto de mar
não sabe que traz, na pele, a alma
do mar.
Preciso partir para esse lugar
de onde o homem voltou
(o amor, agora, é o mar).
Comecei a tecer uma rede
de pesca.
Comecei a tramar
certo corpo de barco.
Agora, tranço os cabelos
e olho pela janela.
É quando ele desperta
desfaz a cama, desfia os planos
desata a trança, pisa na rede
e sinto, de novo, o mar.
De repente, partir é igual
a ficar.
"

mônica aquino