quarta-feira, 13 de junho de 2012

Eu nunca tinha ouvido dor de amor no posto de gasolina

O primeiro nunca de hoje foi obrigatório. Tinha que estar no trabalho às 7h, acordei às 6h40. Me joguei embaixo do chuveiro, me molhei e voei. Peguei o carro. Nunca tinha ido trabalhar dia de semana de carro, mas foi o jeito de tentar não chegar tão atrasada.

Na volta, às 17h, o engarrafamento, um cansaço e a tristeza que foi começando a bater junto com a gasolina que estava prestes a acabar. Quando eu já me encaminhava para o fim do caminho, consegui encontrar um posto. Coloquei o combustível e desci pra pegar uma garrafinha de Smirnoff e um saco de Doritos. Na hora de pagar, o frentista:

- Beber e dirigir, não faça isso..
- Mas estou indo pra casa, vou beber lá.
- Ah, então tá.
(silêncio)
- Ó, eu estou brincando, viu?
- Eu sei!
- E ae, ganhou muitos presentes no dia dos namorados?
- HAHAHAHAHA, cheei de presente. Meu presente é esse aqui. (e levantei a comida e a bebida)
- Ah, então tá você e estou eu na mesma situação.. eu estou é choramingando.
- É? Por quê?
- Terminei meu namoro há 15 dias.
- Eita.... mas vai passar, poxa.
- Namoro de 6 anos...
- 6 anos??? É, vai demorar, mas vai passar.

Meu cartão foi aceito, ele me deu o recibo e fui embora.
- Tchau, boa sorte!

Eu nunca tinha ouvido desabafo de nenhum frentista e fui pra casa mais feliz pela minha cara, mesmo cansada, ter sido receptiva a ouvir um coração doído e, confesso, feliz pelo o meu não estar doendo e por lembrar que os frentistas, os pedreiros, os enfermeiros e os empresários, todo mundo, ama. E sofre. Mas ama.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Ônibus e filas, sempre. Mas eu nunca.

Acordei nesta segunda-feira com uma dessas decisões de segunda. Inspirada no blog 365 nuncas, resolvi escrever aqui tudo de novo que eu vá a fazer nos próximos dias. Não propositalmente, mas às vezes a gente vive coisas novas e nem se dá conta.

Comecei o dia já com um nunca. Quando fui passar no ônibus, descobri que tinha quebrado meu Vem Trabalhador. Sabe-se lá como. Só sei que foi na doideira da festa de sábado. Isso me obrigou à mais um nunca: ter que ir tirar a segunda via do cartão depois do trabalho.

Na fila, mais um: um menininho lindo, lindo, lindo que eu fiquei olhando, paquerando e ele morrendo de vergonha, se escondendo na mãe, desviando o olhar, olhando com o canto do olho. A gente cruzava uns olhares, ele desviava e me fez ficar pensando em gente grande, que olha, finge que não olha e a gente fica sempre sem entender. Acho que esse menininho vai ser um desses. Vai dar muita dor de cabeça pra muitas mulheres e/ou homens.

No fim da noite, o nunca de maior surpresa. Seis da noite, chuva, ônibus lotado e uma cadeira vazia do lado da minha e eu meio sonolenta. De repente, uma mulher que estava passando ainda pela roleta, joga a bolsa no assento vazio pra marcar lugar e impedir que o velhinho que se aproximava sentasse.