quinta-feira, 29 de abril de 2010

Brincadeiras de (não) crianças.

Esses dias li no blog da Vanessa um texto sobre linhas, limites. Gostei bastante e, no momento em que vi, pensei em escrever algo sobre, mas ainda bem que não já fiz a intertextualidade. Ela me é necessária agora. Preciso dela e de uma brincadeira de criança que eu adorava: coelhinho sai da toca.


A professora riscava círculos com giz no chão do pátio, cada criança entrava em um e uma ficava para fora. Quando a tia gritava: "coelhinho sai da toca!", todo mundo corria e entrava em outro círculo. Quem ficasse fora, perdia. Hoje eu brinco de novo, mas a professora que grita é a minha consciência. Só que ela está dentro de mim e os outros coleguinhas não escutam. Dentro do círculo, há mais de um, há dois, há três e a brincadeira não é assim. Esse um, esses dois, além disso, ficam entrando e saindo intermitentemente, mas a decisão de acabar com essa brincadeira sem propósito é minha. Aquele espaço dentro do círculo é meu e só cabe à mim impedir que eles entrem, mas, ah! A "intermitência é tão erótica" e eu sou tão fraca. Tão fraca e preguiçosa. Podia, eu mesma, sair de uma vez desse círculo maldito que eu insisto em contornar. Escuto a ordem da professora, mas continuo ali, parada. Está aí meu outro ponto fraco: a inércia e a tontura. Adoro ficar tonta.

A esperança é que eu canse e resolva brincar de esconde-esconde.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Sobre poder e comunicação.


A teoria relacional estabelece o poder como uma relação entre dois sujeitos, dos quais o primeiro obtém do segundo um comportamento que, em caso contrário, não ocorreria.

É assim que me sinto hoje: presa a essas amarras da teoria relacional do poder. Um domingo estudando ciência política à parte, a reflexão volta na segunda quando me sinto obrigada a corrigir os erros dos outros como se fossem meus e só o faço por conta desse dito "poder" maldito. Não tenho problema nenhum com erros, acho até que eles costumam ser bastante construtivos e são muito naturais. O que me incomoda - e muito - é quando as pessoas não os assumem e as consequências dessas faltas atingem alvos errados.
Uma coisa que aprendi nesses últimos tempos é o valor imenso das palavras, dos assuntos explícitos e dos comandos explicados. Segundo um "amigo", a falta de comunicação é causa de 90% da quebra das empresas. Sem fonte, completei que é a de 99% do fim de relacionamentos.
Dados, estatísticas e especulações de lado, falta de comunicação e de responsabilidade, assim como de humildade e sinceridade acabam com empresas, com relacionamentos, com meu humor e comigo.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Foi tanta água que meu boi nadou.

Hoje acordei muito bem.
Para mim não faz sentido algum, mas sempre acordo melhor humorada quando durmo pouco. Fui deitar às 03:00 por causa de um trabalho que não consegui acabar e acordei muito bem - obrigada - às 06:30. Suspeito que deva haver alguma explicação científica para isso, algo como níveis do sono ou coisa assim, mas deixemos a ciência de lado, vim aqui falar do acaso.
Saí de casa e fazia meu caminho ao ponto de ônibus quando quase presenciei um acidente em um cruzamento não sinalizado: um carro e um ônibus quase se chocaram. Acho engraçado quando pessoas quase trombam: as duas param e depois fica a dúvida de quem deve seguir. Por diversas vezes, as duas ameaçam andar ao mesmo tempo até que uma resolve ficar parada. Nesse caso, o carro parou. Acredito que o tamanho do ônibus tenha sido um bom argumento para a "gentileza". Por causa desse quase choque, lembrei de um filme: "Não por acaso". Não me recordo muito do enredo, apenas que envolvia um engenheiro de trânsito e aquela tão batida questão de: e se eu tivesse saído 5 minutos mais cedo? E se eu não tivesse esquecido a chave e tido que voltar em casa? Coisas assim. Coisas que recheam o nosso dia-a-dia e que podem mudar todo o rumo da nossa vida. Como o título já diz, esses acasos (?) de sinais abertos, fechados, encontros e desencontros rodeiam toda a obra. Além disso, lembro que o Rodrigo Santoro é o ator principal e que minha mãe gostou tanto que assistiu duas vezes, no mesmo fim de semana - sem dúvida isso foi o que mais me marcou.
Em meio à digressão, continuei seguindo até o ponto de ônibus. Assim que cheguei, a chuva começou a cair, uma chuva forte, com muito vento e um sol.  Linda, linda, linda. Já estava extasiada quando começa a soprar nos meus fones de ouvido: "O sabiá no sertão, quando canta me comove, passa 3 meses cantando e sem cantar passa 9, porque tem a obrigação DE SÓ CANTAR QUANDO CHOVE!"
Não poderia haver coincidência melhor do que essa. Desde que escuto o programa de música brasileira da Rádio Oi, nunca ouvi Cordel. E não era só tocar Cordel. Era tocar "chover" numa manhã de quinta-feira (meu dia preferido) e enquanto chovia!
Não poderia ganhar presente melhor. Alma, espírito, corpo, cabeça e coração lavados.

Mais uma ironia do destino: a chuva começou a cair.