domingo, 31 de maio de 2009

Pé esquerdo.


Sabe aqueles dias em que tudo tem cara de estragado, feio e triste?
Acordei hoje só para sair de um pesadelo, já comecei mal. O almoço tinha aparência de vômito e gosto de nada, estamos piorando. Fui à locadora porque precisava assistir a um filme para amanhã e voltei com uma dor de cabeça do inferno, ótimo. Meus pais chegaram: meu pai ligou o futebol, minha mãe começou a gritar - porque ela não sabe falar baixo - e meu irmão a tocar violão e cantar umas músicas horrorosas. Fui domir pra ver se a dor passava e se eu me livrava deles e principalmente de mim. Como sempre, minha mãe foi reclamar - ela adora implicar com o meu sono, deve ser por isso que eu agora tenho pesadelos todas as noites.
Dormi e acordei no mesmo dia estragado, feio e triste e olha que esse é só o começo da semana.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Tristes corpos (docentes e discentes).


É claro que, num tempo em que os empregos mínguam, um considerável desânimo se instala nos cursos de jornalismo contaminando professores, funcionários e alunos. Há exceções, como sempre há, mas o desalento dá o tom geral. É explicável, é compreensível, mas é triste.
Adolescentes que chegam aos bancos do ensino superior movidos por seus sonhos puros e grandiosos encontram verdadeiros paredões de pessimismo e acidez. A marteladas, são forçados a se convencer de que o jornalismo não melhora o mundo, não muda a vida, não traz realização pessoal: é meramente uma ferramenta nas mãos das "elites" perversas que se dedicam sem descanso a dominar corações e mentes. O jornalismo seria a arte de tecer mentiras a favor da "classe dominante". Em pouco tempo, esses meninos são intimados a se envergonhar, a se arrepender de suas aspirações de criança e, sem perceber, passam a carregar a cruz ressentida das gerações que lhes deveriam servir de inspiração e encorajamento. Em alguns casos, as salas de aula se converteram em câmaras de triturar esperanças e utopias pessoais. Muitas vezes, ensinam a criticar (muito mal e precariamente) a imprensa, mas não estimulam (nem ensinam) a fazer imprensa. É uma pena.
É com dor que escrevo estas linhas, mas, como professor que sou, devo fazer aqui o registro. Tenho uma coleção de alegrias inesquecíveis no exercício da minha profissão e tenho, também, dentro da sala de aula, momentos de imensa alegria. Para mim, o sentido mais profundo de ser professor está na chance de participar da evolução do aluno em direção à sua própria vocação. Ser professor é procurar enxergar no aluno a força interior que o instiga, o que o leva adiante, o que o faz acreditar que vale a pena viver da palavra, da notícia, da informação, do contato com tanta gente, gente com histórias tão surpreendentes. O aluno é a razão de ser do professor. O resto não importa. Respeitar o aluno – sua história, seu modo de encarar o futuro – é tudo. O aluno não pertence ao professor. Antes, o contrário.
Infelizmente, temos visto turmas e mais turmas feridas pelas "desilusões perdidas", desilusões dos outros, em ambientes que não cultivam o orgulho próprio, que não cultivam a confiança na enorme diferença que uma história bem contada pode fazer no destino de uma pessoa, de uma comunidade, de um país. O jornalismo, muito mais do que o samba, é um privilégio. Por maiores que sejam as crises. É isso o que deveria ser ensinado nas escolas de jornalismo, nosso colégio. Mas não é. Olho em volta e, exceções à parte, não vejo altivez, não vejo convites ao talento, não vejo vibração.


Por Eugênio Bucci.

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agora eu lembrei do "quem sou eu" do meu orkut: sempre certa na contramão.
sempre certa eu já não sei; na contramão, com certeza.
esse texto tocou tanto que fez até doer.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Fica a dica.


Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
(Manuel Bandeira - Arte de amar)

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"Então ficamos, minha alma e eu,
olhando o corpo teu sem entender
como é que a alma entra nessa história
afinal o amor é tão carnal.
eu bem que tento, tento entender,
mas a minha alma não quer nem saber,
só quer entrar em você
como tantas vezes já me viu fazer.
e eu digo:
calma alma minha, calminha,
você tem muito o que aprender."
(Zeca Baleiro - Alma nova)

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"Créu!"
(Mc (?) - Créu)

obs: observem a evolução nas formas de expressão.
obs2: quando eu disse "evolução", nao quis dizer que acho "créu" melhor e ou mais bonito que o poema do Bandeira. eu estava me referindo à evolução no sentido temporal. enfim, não estou sabendo explicar. eu quis dizer: "olha no que o tempo (as pessoas) transformou as coisas." ;)

terça-feira, 26 de maio de 2009

Fome de tudo.


Não tenho nada para dizer.
Isso me dá uma agonia tão grande, eu fico pensando: "poxa, será possível que não aconteceu nada na minha vida?". O problema não são nem os acontecimentos, mas a falta de reflexões. Sei o que é: trabalho, trabalho, trabalho.
Se os trabalhos da faculdade, que teoricamente desenvolvem o intelecto, já fazem isso comigo, imagina o trabalho mecânico! Depois chegar em casa, cuidar dos filhos, da comida, da casa. É tudo alienação. Eu preciso de ócio! Mas o produtivo. Minha alma está faminta e olha que eu nem como muito!

domingo, 24 de maio de 2009

O amor nos tempos do cólera.


- Não temos nada em comum além das lembranças. Os jovens que fomos desapareceram. Aquilo foi tudo ilusão.
- Não para mim.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Até que ponto?


Desde ontem que eu me pergunto até que ponto as boas intenções são válidas. Até quando nós devemos ignorar os fatos e pensar nas motivações. Hoje me peguei pensando nisso de novo:
A professora de Espanhol passou uma atividade que nós devemos corrigir e dar notas aos textos dos nossos colegas - cada um pegou um. Imaginei que seria fácil, pensei que não teria que fazer quase nenhuma observação e inclusive isso me deixou um pouco intrigada: não vou ter nada a acrescentar, pensei. Foi o contrário. Exatamente o contrário. Agora eu não paro de me perguntar se eu devo ser justa ou ética. Ser ética implica em dar uma nota baixa. Sendo justa, vou considerar os fatos externos (sei de vários) e desconsiderar um pouco o texto em si, subindo, então, a nota. Isso tudo não passaria de indagações bobas se eu não soubesse que essa pessoa precisa de nota.
Sei o que eu vou fazer. Não conseguiria me trair assim, mas vai funcionar como um tapa na cara quanto aos meus "novos" princípios. Isso é a vida me dizendo: "Vai, fodona, você não sabe de tudo? Você não sabe sempre o que fazer? Toma mais essa!"

Fico pensando em como seria se essa pessoa fosse minha amiga. Essa dúvida ia me corroer mais ainda. É por isso que eu consigo entender o nepotismo.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

O caso das comissárias de bordo.



O assunto de Sociologia é o que eu mais gosto na faculdade, só lamento muito que a professora não dê aulas. Apresentei um trabalho hoje sobre "Interação Social" e é muito estranho como nós não percebemos os fatos sociais:

Quando surgiram as Companhias Aéreas, eram homens que trabalhavam nos aviões, já que, também eram eles os funcionários de trens e navios. Mas chegou uma época, que as regulamentações governamentais deixaram as empresas muito parecidas, até que uma, para se destacar, teve a idéia de contratar mulheres. Isso foi um enorme sucesso, já que, na época, eram majoritariamente homens os passageiros. Primeiro tinham também a função de enfermeiras, para acalmar os passageiros. Com as inovações tecnológicas e os itens de segurança, isso não foi mais necessário. EIS A GRANDE REVOLUÇÃO! Um estilista foi contratado pela Braniff para criar novos modelos: vieram as cores vibrantes e a mini-saia 15 cm acima do joelho (UAU). As ações dessa cia subiram de 20 doláres, para 124. Foi um sucesso! As aeromoças passaram a ser usadas como objetos sexuais em campanhas publicitárias do tipo: ” “Nós realmente balançamos nosso rabo para você.”, “Eu sou linda. Venha me pilotar.” e “Sua esposa sabe que você está viajando conosco?”. O papel foi consolidade exigindo que elas fossem solteiras, não engravidassem, tivessem medidas corporais determinadas e se aposentassem aos 32 anos. Um conflito-papel surgiu: enquanto os passageiros consideravam insinuações sexuais a atitude das funcionárias, as aeromoças portavam-se apenas gentilmente (para elas).
Hoje isso mudou. Existem comissários de bordo e a profissão não é tão glamorosa. A idéia não morreu, no entando, coloquem no Google "aeromoças" ou "comissárias de bordo", vão aparecer altas putarias, HAHA. Pensar que uma jogada de marketing mudou a vida de muitas mulheres. Elas, no passado, tinham um papel de "puta velada" que foi substituído, não sem luta, é claro, por um trabalho como outro qualquer.

(Alguém um dia já havia pensado nisso? Eu não. A minha imaginação social é medíocre.)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Chove aí?


"Mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim."

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Falta um tanto ainda, eu sei.


Hoje uma amiga de infância me adicionou no orkut. Eu não lembro quando nós nos conhecemos, eu era muito pequena, mas a primeira lembrança dela foi de quando o meu irmão nasceu (eu tinha 3 anos). A minha mãe foi para o hospital e eu fiquei na casa dela.
Foi estranho ter notícias dela - não tinha desde que fui embora de CG há 5 anos - pensando agora, parece um tempo pequeno, mas quando eu "a vi" hoje, pensei que uns 15 anos tinham se passado. Eu lembrava da gente brincando. De quando eu bati nela porque estávamos em um barco - a rede - e um bicho nos atacaria. Ela dizia que era um jacaré, eu dizia que era um tubarão. Nós não entramos em acordo e eu bati nela - na casa dela. Um tempo depois, o irmão dela deu uma martelada na testa do Lucas, não por isso, é claro, mas está tudo no 0x0 então. Lembro de quando chovia e ela ia sempre lá em casa me chamar para andar de bicicleta - EU ADORAVA ANDAR DE BICICLETA NA CHUVA! Formava uma poça gigante em determinada parte da rua perto do meio fio. Areia e folhas ficavam acumuladas ali e quando chovia formava uma lama. Nós acelerávamos e pássavamos a bicicleta justamente lá. Eu adorava voltar para casa toda suja. Ah! Acabei de lembrar de um aniversário do irmão dela que apareceu um garoto bem chato que pegava balão estourado e ficava mirando nas nossas bundas como se fosse um estilingue. Nós o levamos para um canto e batemos nele! (MEUDEUS, EU ERA UMA MALOQUEIRA, SÉRIO, ESTOU FICANDO COM MEDO DO MEU PASSADO, melhor parar por aqui.)
Fato é que eu vi aquelas fotos dela grande, estudando no Colégio Militar de Salvador, com namorado, bebendo (...) e eu achei tudo muito estranho. Fiquei pensando. Pensando em como o tempo muda todas as coisas - são todas SIM! não adianta falar que existem coisas eternas, porque nada é imutável, tudo muda. Amadurece, regride, aumenta, diminue, mas muda - em como aí está a chave de grandes problemas: nós não conseguirmos administrar isso.
Nas nossas cabeças, algumas coisas ficam marcadas e acreditamos que essas são marcas compartilhadas e eternas, o que nem sempre acontece. Schiller já dizia: "O que sentes, isso é só teu." Por ventura, partes desses sentimentos e lembranças podem ser compartilhadas. Mas entender que é natural que não o sejam, pode tornar a vida mais leve e menos dolorosa.
Entender que o tempo passa, que as pessoas mudam, que as coisas acontecem e que nada disso é sinônimo de traição ou de desamor é necessário.

Acreditar que somos únicos pode atenuar ou iludir e magoar. Essa parte eu ainda não acho que entendi, mas posso esperar que outra pessoa me adicione para ver se tenho uma luz ¬¬.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Tempo de delicadeza.


"Sei que as pessoas estão pulando na jugular umas das outras.
Sei que viver está cada vez mais dificultoso.
Mas talvez por isto mesmo ou, talvez devido a esse maio azulzinho, a esse outono fora e dentro de mim, o fato é que o tema da delicadeza começou a se infiltrar, digamos, delicadamente nessa crônica, varando os tiroteios, os sequestros, as palavras ásperas e os gestos grosseiros que ocorrem nas esquinas da televisão e do cinema com a vida. (...)
Sei o que vão dizer: a burocracia, o trânsito, os salários, a polícia, as injustiças, a corrupção e o governo não nos deixam ser delicados.
- E eu não sei?
Mas de novo vos digo: sejamos delicados. E, se necessário for, cruelmente delicados."

(Trecho da crônica "Tempo de delicadeza" de Affonso Romano de Sant'Anna.)
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Eu comprei esse livro em março para dar para uma amiga. Era aniversário dela, ela adora livros, eu adoro receber, então imaginei que seria um bom presente. Fiquei muito em dúvida entre umas poesias do Bandeira e esse livro de crônicas do Affonso Romano de Sant'Anna. Não conhecia a sua habilidade como cronista, apenas como poeta, e fiquei um pouco receosa de dar o livro sem saber muito bem do que se tratava. Foi quando eu li esse trecho da crônica que dá nome à obra. Não tive dúvidas, seria esse o presente. Eu estava numa fase muito sublime e ela um pouco desesperada e inconformada com as coisas na vida dela. Mas quando a gente precisa conquistar um objetivo - um difícil objetivo - não pode haver tempo para aspereza, para indignação. É a velha história do "foco". Eu, em contrapartida, sentia a delicadeza transbordando de mim e queria que ela sentisse isso, que o poder da literatura abrisse seus olhos, seu coração, lavasse sua alma.
Dei, mas logo disse que queria emprestado.
Hoje acabo de ler. Termino e reflito em como a minha "delicadeza" se foi. Não tem delicadeza, não tem aspereza e olha que ainda é o maio azulzinho ao qual ele se refere. Vou ver se acordo cedo para ver esse azul. O meu maio tem um cinza, um cinza que só não é pior do que a escuridão que Renato Russo falava. Mas estamos vivos ainda (não esquecer).

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Hasta.


"Eu levei minha alma pra passear."

Mas eu volto! Recuperada e prontíssima para várias outras. ;)

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Flor da pele.


Ando tão à flor da pele,
que meu desejo se confunde com a vontade de não ser. (...)
Um barco sem porto, sem rumo, sem vela, cavalo sem sela.
Um bicho solto, um cão sem dono, um menino, um bandido.
Às vezes me preservo em outras suicido.
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Zeca Baleiro.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Intenções.


"Pra que usar de tanta educação pra destilar terceiras intenções?"

Cazuza.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Vai saber...


Eu não sinto mais, estou inerte. Acostumei? Adquiri resistência? Estou em estado de choque?
Não sei! Só sei que eu não consigo mais enxergar tudo o que as pessoas vêem e esbravejam na minha cara. Algo me ilude e me faz pensar que no fundo eu já sabia disso tudo, as coisas só estão sendo reorganizadas na minha mente e recolocadas no lugar de onde nunca deveriam ter saído, por isso não tem alarde. No fundo eu acho que não é nada disso. Não sinto mais ou sinto em demasia.
Não sei! Não sei e estou assustada, fato.

sábado, 2 de maio de 2009

Muito pouco.


pronto, agora que voltou tudo ao normal talvez você consiga ser menos rei e um pouco mais real. esqueça, as horas nunca andam para trás, todo dia é dia de aprender um pouco do muito que a vida traz.
mas muito pra mim é tão pouco e pouco é um pouco demais. viver tá me deixando louca, não sei mais do que sou capaz. gritando pra não ficar rouca, em guerra lutando por paz, muito pra mim é tão pouco e pouco eu não quero (mais).
chega! não me condene pelo seu penar, pesos e medidas não servem pra ninguém poder nos comparar, porque eu não pertenço ao mesmo lugar em que você se afunda tão raso que não dá nem pra tentar te salvar.

simplesmente seja o que você julgar ser o melhor, mas lembre-se que tudo o que começa com muito pode acabar muito pior.

-
Maria Rita.

Mariana.


Mariana, presta atenção:
quando você já possuir boas respostas - mesmo que criadas por você - para as suas perguntas, não as faça, querida. Você, provavelmente, vai quebrar a cara muito feio. O que já estiver amortecido, deixe lá, aproveite a inércia. Nesse caso não é covardia, é autoproteção. Se você mexer, pode ter certeza que vai voltar a doer e eu sei que você não gosta de dor. Então, deixe lá! É aquela velha história: o que não tem remédio, remediado está. Se estiver com curativo então, gata, pode ter certeza que está muito bem tratado.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Cuidado.


No meu livro de geografia do segundo ano tem uma frase que eu copiei de algum lugar: "Cuidado com o que pedes, porque podes acabar conseguindo."
Hoje eu senti bem isso. Não que eu tenha pedido exatamente, mas desejei bem lá no íntimo. Sabe quando você quer muito uma coisa e, quando tem, não sabe o que fazer com ela? Quando tem se pergunta: "Porra, por que eu fui querer isso?"
Daqui a pouco acho que a Mariana vai querer conversar comigo. Espero, sinceramente, que não.