terça-feira, 17 de agosto de 2010

Respiração, cheiro e mãos.

Hoje senti falta do modo como você respira. Nunca entendi muito bem a sua respiração profunda. Não sei se é por causa do cigarro ou se tinha a ver com a situação. Não sei se era uma respiração que significava a intensidade do momento e expirava sentimento; não sei se era uma respiração de lamentação e tédio ou se era de prazer. Talvez não seja nada disso. Talvez seja apenas a sua respiração normal: culpa do cigarro. Senti saudades de quando você me abraçava e respirava com a boca junto à minha. Não soltando o ar. Respirava com o peito, com o coração.

Estou sentindo o seu cheiro. Confesso que o seu perfume não é um dos meus preferidos. Não tinha cheiro de homem e, querido, eu gosto de cheiro de homem. Não sei explicar como o seu perfume é e o mais estranho disso tudo é que posso sentí-lo agora, mas, definitivamente, não sei descrevê-lo. Sinto não só o teu cheiro. Tenho-te aqui, abraçado e respirando junto à mim.

Sinto saudades de quando passeava a minha mão nas costas tuas. Nunca entendi por que fazia aquilo, mas acho que era uma forma de dizer: "Estou aqui, vês? Sentes?". Você me via e me sorria com a mão na minha perna. Não tenho certeza, mas acho que um dia você me disse que adorava aquilo. Não sei mesmo se isso aconteceu, mas, no fundo, devia te acariciar pensando nisso. Realidade psíquica. Segundo Freud, o que importa.

No fim, acho que é isso o que importa mesmo: tua respiração, teu perfume, minha mão nas costas tuas e todas as outras lembranças. Reais ou fantasiadas, mas lembranças. Talvez só minhas, mas minhas e lembranças.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Fantasia.



Não sou uma pessoa que se entrega fácil. Uma vez me perguntaram se considero que tenho muitos amigos, parei para pensar e acho que tenho uma boa resposta: tenho muitos amigos e poucos colegas. Nesse ponto, comigo não há meio termo: ou é ou não. Ou gostou ou não gosto. Ou considero ou desprezo. Foi tudo construído bem devagar, bem sedimentado, como o irmão na história dos "três porquinhos" que constrói a casa de tijolo e cimento para não deixar o vento derrubar. Pois é, nunca derrubou.

Por essa minha "lentidão", por esse meu pé atrás, já fui chamada muitas vezes de chata e de anti-social. Mas sempre é tempo de mudar, não é? E como meu lema atual é "quero novidade!", hahaha. Não custava nada. Uma Alana sempre sorridente, falante e disposta. Não era nada de falsidade. Era vontade de sorrir, de falar e me dispunha com muita bondade sim, sem nenhum pé atrás. Mas aí vêm os clichês. A velha e sábia sabedoria popular repetitiva: "tudo o que vem fácil, vai fácil". Foi. Agora eu que estava acostumada a relações verdadeiras, bem construídas e profundas fico perdida em meio à esse mundo de superficialidade, três porquinhos e faz-de-conta.