quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Um presente de Jah.


Toda vez que ele tocava no assunto, ela enrolava:
- Vamos, vamos sim.. no fim de semana.

(...)
- Estou tão indisposta hoje, querido. Vamos na quinta-feira?
Ele, sempre paciente e doce, concordava.

Chegou a quinta e era uma quinta-feira chuvosa. Ficou aliviada, dessa vez não precisaria de desculpas e indisposições, o tempo falava por si só. Foi almoçar com a família e, quando voltou, ele a esperava:
- Você vai? Eu vou!
Diante daquela afirmação decidida e individualista, ela titubeou. Não era o que esperava e mais: onde estavam a paciência e a doçura de sempre?
- Aconteceu alguma coisa?
- Aconteceu, preciso conversar.
Estremeceu.
- Eu vou, me espera tomar um banho rápido?
Foram.
No caminho, ele contou toda a confusão que ocorrera, eram tantos problemas de uma vez que ela só conseguia aconselhar calma enquanto ia ficando cada vez mais nervosa. Chegaram. Chegaram e viram aquele mar agitado, o dia nublado, a praia vazia e um toco, um pedaço de árvore que parecia ter sido posto ali especialmente para eles. Passaram a tarde vendo as ondas que iam e vinham e se protegendo da chuva com um único guarda-chuva que era uma grande desculpa para que ficassem cada vez mais perto. Um grande navio apareceu no infinito e de repente sumiu. Ela, sempre bobinha, jurou que estava com medo e perguntou o que tinha acontecido. Ele, rindo da inocência, também jurava que logo ele reapareceria, depois que passasse pela neblina (?) toda. Promessa cumprida.
Foram embora e ele agradeceu por tê-la por perto.
Ela agradeceu a si mesma, em silêncio, por ter evitado tanto aquela ocasião para que, apesar das controvérsias, acontecesse no dia certo: um tarde triste e chuvosa.

"Vou flutuar nas ondas do mar.."

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