sexta-feira, 26 de março de 2010

Chuva, sono e fogo.


"- Não precisava ter acordado hoje."
Essa foi a frase que repeti mentalmente no fim da minha manhã. Depois da sucessão de tarefas mal-sucedidas e inconclusas, um banho - de chuva não - de tempestade não veio nada a calhar e o contraditório é que gosto tanto de chuva e de uma boa lavagem de alma. Mas hoje não. Hoje era o dia que eu ganhava mais tendo ficado dormindo e não podia correr o risco de excitar as bactérias das minhas amígdalas com uma água gelada. Só esqueci de conversar com o vento a respeito da minha situação quase-cirurgia e o querido que estava acostumado com a Alana-molhada-da-chuva quis me fazer um agrado e não só molhou todo o meu tênis, mas também minha calça, minha bolsa, minha pasta e minha blusa branca, claro. Foi tão atencioso que se preocupou, inclusive, com os futuros gritos histéricos da minha mãe e providenciou um álibi: quebrou minha sombrinha. Que falta faz um bom diálogo: se eu tivesse contato a ele das minhas crises de garganta e que minha mãe está viajando, não precisaria de álibi, não teria roupa molhada, mas também não haveria uma tarde de redenção: quem não tem uma manhã de sono, merece dormir uma tarde toda.
É, me dei esse presente. Quando as coisas no dia estão todas dando errado, fique em casa, vá dormir. O máximo que pode acontecer é que você tenha um pesadelo, mas eles são, geralmente, inofensivos depois que você acorda. Dormi e acordei pronta para dizer, de novo, que não sabia fazer várias coisas e quem se importa com isso? Eu não. Depois dessa tarde  revigorante, não me importo com mais nada, pelo menos até amanhã de manhã.

Segredo: fui dormir morrendo de medo do prédio pegar fogo.

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