quarta-feira, 18 de abril de 2012

O dia que encontrei Sérgio Xavier no aeroporto e não me despedi do meu pai

Esses dias têm sido uma loucura. Entre choramingos e cervejas. Entre abandonos e corações soltos por aí. Entre quase nada no trabalho e um monte de coisa aos 45 minutos do segundo tempo.

A pauta importante que caiu na minha cabeça de repente e que eu precisava de vozes oficiais - aquela coisa que pode ser bem difícil de conseguir e você só tem uma chance. Liguei logo pra santa assessoria de imprensa que informou que o secretário amanhã estaria no Rio de Janeiro.

- A gente pode resolver hoje ainda?
- Pode, pode.
- Olha, agora eu posso falar com o secretário às 19h?
- Tudo bem.

Meu pai voltava pra Campo Grande hoje e, além de querer me despedir dele, precisava levá-lo até o aeroporto. Saí correndo do jornal, o ônibus demorou como sempre e, no caminho, a assessora me ligou de novo:

- Olha, o secretário vai te ligar, mas às sete horas ele já está no vôo.
- Vai me ligar agora?
- Daqui a pouco. Ele está indo pro aeroporto.

Eu ia ter que fazer uma entrevista no ônibus.

- Hum, por acaso eu também estou indo pro aeroporto agora, será que ele prefere que seja pessoalmente?

A assessora riu e disse que o secretário me ligaria e diria o que achava melhor.
Fiquei na dúvida se o melhor era que ele realmente me ligasse logo pra garantir a entrevista ou que o tempo passasse logo pra que eu chegasse em casa e fizesse a entrevista pelo menos por telefone, mas no carro, com mais calma e menos barulho.

Cheguei em casa, no aeroporto, e nada de ligação.
Meus pais foram logo pro embarque e fui estacionar. Assim que entrei no aeroporto, a primeira pessoa que vejo é Sérgio Xavier, sozinho, falando ao celular.
Me aproximei, parei ao lado e quando ele desligou, abordei:
- Secretário, estou esperando uma ligação sua.

Ele riu e disse que assim que desligasse o telefone, ia me ligar. Já que estávamos os dois ali, sentamos, conversamos com calma, gravei e ele embarcou.
Levantei tranquila e fui procurar meus pais. Meu irmão acenou e eu logo disse:
- Cadê o pai?
- Já entrou.
- Ham? Como assim? Sério?
Eu não acreditei e continuei andando em direção ao embarque até me dar conta que meu pai tinha mesmo ido e eu não tinha me despedido. Na verdade, ele ainda estava na sala de embarque e dei um tchau, com raiva, e chorosa.

Meu humor foi de novo do pico à fossa e vamos assim levando os próximos dias. Entre encontros e desencontros, chegadas e partidas, felicidades bobas e tristezas importantes.

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