quarta-feira, 15 de julho de 2009
O homem das rosas.
Todos nós guardamos segredos. Alguns são egoístas e inconfessáveis. Mas aquele homem tinha um segredo. Ele era "o homem das rosas".
Quando ele andava nos lugares e escutava histórias de alguém que estava passando uma hora difícil, por doença, perda de alguém, de emprego, etc, etc, anonimamente, ele enviava uma rosa para a pessoa. Ao morrer, ele havia enviado, se não me falha a memória, seis mil rosas! E tinha um pacto com a florista da cidade para ela não divulgar o seu nome, um segredo que ela guardou até que a mulher do homem resolveu contar a história no dia do seu enterro. A última rosa que ele enviou foi para a sua mulher. Disse que para ela reservava a rosa mais bela!
(...)
Sei que as pessoas andam muito assustadas e não interferem para socorrer o outro nem quando este foi assaltado ou atropelado. É como se todos já estivéssemos também tão atropelados e assaltados que não aguentássemos ver ou socorrer vítimas.
Mas enquanto houver uma pessoa que mande, desinteressada e anonimamente, uma rosa para alguém que dela necessite ou a mereça, ainda haverá esperança de que nem tudo secou em nós.
Sei que alguém pode resmungar: "mas que coisa mais piegas!" Talvez seja. Mas também é verdade que a aspereza de nossas vidas fez com que embotássemos os sentidos e emoções. E, no entando, oferecer uma rosa seria tão simples. Tão simples e urgentemente necessário.
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Affonso Romano de Sant'Anna.
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