terça-feira, 28 de setembro de 2010
Pequenos (ainda bem) momentos de lucidez.
MSN, mensagem offline: estou pelas Olindas hoje, se não for fazer nada, liga pra mim.
Cerca de uma hora depois:
- Alô. OI.
- Oi, já chegou?
- Já. Estou aqui na frente tomando uma cerveja. Você vem?
- Estou chegando.
Chegou.
Em público era sempre estranho. E olha que o platéia não havia visto o espetáculo (ou tragédia, se preferirem) de outrora. As conversas se restringiam a umas alfinetadas aqui, outras lá e umas zombarias. Tudo raso. Bastava que ficassem sozinhos para tudo se transformar. Dessa vez o assunto foi pesado. Depressão.
Uma, duas, três, quatro cervejas.
Não tinha necessidade, mas fazia questão que as pernas se tocassem. Duas delas cobertas pela conhecida e pequena saia.
- Vamos ao banheiro comigo?
- Vamos.
Na fila, o álibi da bebida e do sono. "Estou cansada". Não era nem desculpa. Verdade. "Encosta em mim".
Você parado e eu com a cabeça em seus ombros. Olhos fechados. Mistura de sono e fantasia.
- De frente não, é muito perigoso.
Você tinha razão. Uma das poucas vezes em que você teve razão, admito.
Você parado e eu com a cabeça em seus ombros, mas enquanto o seu corpo estava de frente, o meu se punha de lado. Mudança de ângulo estratégica e mais segura.
- Vou trocar o dinheiro.
Fui ao banheiro. Respirei fundo, lavei o rosto. Sai. Você disse que ia embora e me deu metade de um pacote de Trident. "Não precisa". "Fica".
Compartilhávamos o mesmo gosto na boca. Um abraço meio torto. O mesmo gosto mas com dois chicletes. Esforçávamos para não cometer o maldito erro crucial. Enquanto isso, alimentávamos nossas fantasias e nossos desejos.
- Liga pra mim quando acabar o show?
- Pra quê? Vai me lavar em casa?
- Não. Mas eu espero o dia amanhecer com você. Podemos ir à praia.
- Tomar banho?
- Não, né?
- Então não quero.
- Tá. Tomamos então. Me liga.
- Mas vai acabar tarde. Já de manhã, talvez.
- Não vou fazer nada. Espero. Me liga que venho.
- Tá.
Não liguei. Te ligar no dia seguinte seria tornar isso real demais e no meio disso tudo, às vezes tenho uns momentos de lucidez.
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Fumaça e menta.
Gosto de fumaça misturado com o de fresh up de menta.
Essa é uma lembrança incrivelmente boa que suspeito que é melhor não ir atrás de outras.
Esta já me vale.
Essa é uma lembrança incrivelmente boa que suspeito que é melhor não ir atrás de outras.
Esta já me vale.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Encontro eu-tu.
Desde o fim da semana passada que tenho pensado nisso. Em "encontro". Este é o primeiro período da faculdade que estou realmente gostando. Todos os outros mesclavam sensações de tortura, com suporte e indiferença. Neste não, estou realmente gostando e empolgada. Na primeira aula de técnica de entrevista e reportagem a professora expôs o programa e como pensava em fazer as avaliações: apenas uma grande entrevista, apenas uma grande reportagem e em dupla. Não gostei. O fato de ser só uma atividade de cada me parecia que não daria espaço para a progressão. Caso não fôssemos bem, como poderíamos recuperar a nota? Melhorar? Como ela veria nosso possível progresso? Além disso, não gosto de escrever em dupla, nunca gostei. Mais: ela queria que as atividades se configurassem em "encontros", não em mera técnica - apesar do nome da disciplina - em toque, em afeto. Para isso, sugeria que entrevistássemos alguém que fosse importante para nós ou que fosse fazer da atividade algo importe. Para ilustrar, mencionou que se fosse aluna de tal cadeira, escolheria o seu pai. OK. Muito bonito, mas como vou encontrar alguém que mexa comigo e com um colega ao mesmo tempo? Ainda mais com esse exemplo tão profundo. No fim, acabei achando válida a idéia da entrevista e da reportagem não-comerciais, digamos assim, mas a minha dupla e a escolha do entrevistado ainda me deixavam inquietas.
Foi quando comecei a ler "Entrevista - O diálogo possível" de Cremilda Medina e comecei a visualizar melhor o que seria esse encontro. Já no início do livro ela cita Martin Buber: "A verdadeira vida comunitária é aquela que permite a cada indivíduo relacionar-se com o próximo em termos da relação EU-TU, e não em termos da relação EU-ISTO". Estava clareando.
Um leitor, ouvinte ou telespectador sente quando determinada entrevista passa emoção, autenticidade, no discurso enunciado tanto pelo entrevistado quanto no encaminhamento das perguntas pelo entrevistador. Ocorre, com limpidez, o fenômeno da identificação, ou seja, os três envolvidos (fonte de informação - repórter - receptor) se interligam numa única vivência. A experiência de vida, o conceito, a dúvida ou o juízo de valor do entrevistado transformam-se numa pequena ou grande história que decola do indivíduo que a narra para se consubstanciar em muitas interpretações. A audiência recebe os inpulsos do entrevistado, que passam pela motivação desencadeada pelo entrevistador, e vai se humanizar, generalizar no grande rio da comunicação anônima. Isto, se a entrevista se aproximou do diálogo interativo. (MEDINA, 2005, p.30)
Foi então que um dia depois de ler esse trecho, acabei vendo a entrevista do Rafinha Bastos no programa Lobotomia, apresentado pelo Lobão e entendi o que significava esse tal de encontro, esse tal de OUTRO que vai mexer. Estava com uma visão muito alta da coisa, pensava em grandes ídolos, mas não: "mexer" pode ser uma coisa muito mais singela - mas não menos importante. E sei tanto isso. Como pude ter esquecido?
Eis que lembrei que já tinha vivenciado algo assim, já tinha saído outra pessoa de uma das minhas entrevistas e claro, como não podia deixar de ser, eu subestimava o entrevistado. Eu nem o conhecia, mas já havia falado com tanta gente interessante para aquela matéria sobre cinema que pensei que um professor universitário só falaria das disciplinas que ministra aulas e faria uma propaganda barata da Faculdade. Mas fui. Com má vontade, mas fui. Não lembro como tudo começou e poderia ter reescutado os áudios, mas fiz questão de tentar reproduzir só o que minha memória havia gravado. Lembro que com as outras pessoas, havia passado cerca de meia hora com cada e já achara mais do que suficiente. Com ele, foi uma hora. Uma intensa hora de dados que não sabia, de conhecimentos e experiências compartilhadas. O potencial educativo da animação, o custo de produções, a falta de profissionais especializados, o trabalho quase artesanal de stop motion, o preconceito de que aquele tipo de mídia é só para crianças. "Você já viu Persépolis?", indaguei. "Persépolis é maravilhoso, é um exemplo incrível de que animação não é só para criança, o tema é extremamente sério e a estética é diferenciada lembrando xilogravuras". Tudo fluía como se nos conhecêssemos há muito tempo e já reproduzi essa experiência pra muitos dos meus amigos. Por mim eu passava muito mais horas ali conversando, mas era hora de finalizar. Uma coisa que aprendi é a pergunta final: "Você acha que tem mais alguma coisa importante que você queira falar? Ou desimportante mesmo".
Foi aí que saiu o melhor. Uma sinceridade que me deixou atônita e que prefiro não reproduzir para não romper o pacto de confiança que embora nunca tenha sido explicitamente selado, pra mim foi um dos maiores acordos tácitos que já fiz. Sai de lá em estado de êxtase e sempre me pergunto se existe a síndrome da jornalista que se apaixona por seu entrevistado (hahaha). Descobri: diálogo, encontro, eu-tu.
Só pra constar: nunca mais verei animação com os olhos de antes deste dia.
Também sobre isto
Foi quando comecei a ler "Entrevista - O diálogo possível" de Cremilda Medina e comecei a visualizar melhor o que seria esse encontro. Já no início do livro ela cita Martin Buber: "A verdadeira vida comunitária é aquela que permite a cada indivíduo relacionar-se com o próximo em termos da relação EU-TU, e não em termos da relação EU-ISTO". Estava clareando.
Um leitor, ouvinte ou telespectador sente quando determinada entrevista passa emoção, autenticidade, no discurso enunciado tanto pelo entrevistado quanto no encaminhamento das perguntas pelo entrevistador. Ocorre, com limpidez, o fenômeno da identificação, ou seja, os três envolvidos (fonte de informação - repórter - receptor) se interligam numa única vivência. A experiência de vida, o conceito, a dúvida ou o juízo de valor do entrevistado transformam-se numa pequena ou grande história que decola do indivíduo que a narra para se consubstanciar em muitas interpretações. A audiência recebe os inpulsos do entrevistado, que passam pela motivação desencadeada pelo entrevistador, e vai se humanizar, generalizar no grande rio da comunicação anônima. Isto, se a entrevista se aproximou do diálogo interativo. (MEDINA, 2005, p.30)
Foi então que um dia depois de ler esse trecho, acabei vendo a entrevista do Rafinha Bastos no programa Lobotomia, apresentado pelo Lobão e entendi o que significava esse tal de encontro, esse tal de OUTRO que vai mexer. Estava com uma visão muito alta da coisa, pensava em grandes ídolos, mas não: "mexer" pode ser uma coisa muito mais singela - mas não menos importante. E sei tanto isso. Como pude ter esquecido?
Eis que lembrei que já tinha vivenciado algo assim, já tinha saído outra pessoa de uma das minhas entrevistas e claro, como não podia deixar de ser, eu subestimava o entrevistado. Eu nem o conhecia, mas já havia falado com tanta gente interessante para aquela matéria sobre cinema que pensei que um professor universitário só falaria das disciplinas que ministra aulas e faria uma propaganda barata da Faculdade. Mas fui. Com má vontade, mas fui. Não lembro como tudo começou e poderia ter reescutado os áudios, mas fiz questão de tentar reproduzir só o que minha memória havia gravado. Lembro que com as outras pessoas, havia passado cerca de meia hora com cada e já achara mais do que suficiente. Com ele, foi uma hora. Uma intensa hora de dados que não sabia, de conhecimentos e experiências compartilhadas. O potencial educativo da animação, o custo de produções, a falta de profissionais especializados, o trabalho quase artesanal de stop motion, o preconceito de que aquele tipo de mídia é só para crianças. "Você já viu Persépolis?", indaguei. "Persépolis é maravilhoso, é um exemplo incrível de que animação não é só para criança, o tema é extremamente sério e a estética é diferenciada lembrando xilogravuras". Tudo fluía como se nos conhecêssemos há muito tempo e já reproduzi essa experiência pra muitos dos meus amigos. Por mim eu passava muito mais horas ali conversando, mas era hora de finalizar. Uma coisa que aprendi é a pergunta final: "Você acha que tem mais alguma coisa importante que você queira falar? Ou desimportante mesmo".
Foi aí que saiu o melhor. Uma sinceridade que me deixou atônita e que prefiro não reproduzir para não romper o pacto de confiança que embora nunca tenha sido explicitamente selado, pra mim foi um dos maiores acordos tácitos que já fiz. Sai de lá em estado de êxtase e sempre me pergunto se existe a síndrome da jornalista que se apaixona por seu entrevistado (hahaha). Descobri: diálogo, encontro, eu-tu.
Só pra constar: nunca mais verei animação com os olhos de antes deste dia.
Também sobre isto
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Respiração, cheiro e mãos.
Hoje senti falta do modo como você respira. Nunca entendi muito bem a sua respiração profunda. Não sei se é por causa do cigarro ou se tinha a ver com a situação. Não sei se era uma respiração que significava a intensidade do momento e expirava sentimento; não sei se era uma respiração de lamentação e tédio ou se era de prazer. Talvez não seja nada disso. Talvez seja apenas a sua respiração normal: culpa do cigarro. Senti saudades de quando você me abraçava e respirava com a boca junto à minha. Não soltando o ar. Respirava com o peito, com o coração.
Estou sentindo o seu cheiro. Confesso que o seu perfume não é um dos meus preferidos. Não tinha cheiro de homem e, querido, eu gosto de cheiro de homem. Não sei explicar como o seu perfume é e o mais estranho disso tudo é que posso sentí-lo agora, mas, definitivamente, não sei descrevê-lo. Sinto não só o teu cheiro. Tenho-te aqui, abraçado e respirando junto à mim.
Sinto saudades de quando passeava a minha mão nas costas tuas. Nunca entendi por que fazia aquilo, mas acho que era uma forma de dizer: "Estou aqui, vês? Sentes?". Você me via e me sorria com a mão na minha perna. Não tenho certeza, mas acho que um dia você me disse que adorava aquilo. Não sei mesmo se isso aconteceu, mas, no fundo, devia te acariciar pensando nisso. Realidade psíquica. Segundo Freud, o que importa.
No fim, acho que é isso o que importa mesmo: tua respiração, teu perfume, minha mão nas costas tuas e todas as outras lembranças. Reais ou fantasiadas, mas lembranças. Talvez só minhas, mas minhas e lembranças.
Estou sentindo o seu cheiro. Confesso que o seu perfume não é um dos meus preferidos. Não tinha cheiro de homem e, querido, eu gosto de cheiro de homem. Não sei explicar como o seu perfume é e o mais estranho disso tudo é que posso sentí-lo agora, mas, definitivamente, não sei descrevê-lo. Sinto não só o teu cheiro. Tenho-te aqui, abraçado e respirando junto à mim.
Sinto saudades de quando passeava a minha mão nas costas tuas. Nunca entendi por que fazia aquilo, mas acho que era uma forma de dizer: "Estou aqui, vês? Sentes?". Você me via e me sorria com a mão na minha perna. Não tenho certeza, mas acho que um dia você me disse que adorava aquilo. Não sei mesmo se isso aconteceu, mas, no fundo, devia te acariciar pensando nisso. Realidade psíquica. Segundo Freud, o que importa.
No fim, acho que é isso o que importa mesmo: tua respiração, teu perfume, minha mão nas costas tuas e todas as outras lembranças. Reais ou fantasiadas, mas lembranças. Talvez só minhas, mas minhas e lembranças.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Fantasia.
Não sou uma pessoa que se entrega fácil. Uma vez me perguntaram se considero que tenho muitos amigos, parei para pensar e acho que tenho uma boa resposta: tenho muitos amigos e poucos colegas. Nesse ponto, comigo não há meio termo: ou é ou não. Ou gostou ou não gosto. Ou considero ou desprezo. Foi tudo construído bem devagar, bem sedimentado, como o irmão na história dos "três porquinhos" que constrói a casa de tijolo e cimento para não deixar o vento derrubar. Pois é, nunca derrubou.
Por essa minha "lentidão", por esse meu pé atrás, já fui chamada muitas vezes de chata e de anti-social. Mas sempre é tempo de mudar, não é? E como meu lema atual é "quero novidade!", hahaha. Não custava nada. Uma Alana sempre sorridente, falante e disposta. Não era nada de falsidade. Era vontade de sorrir, de falar e me dispunha com muita bondade sim, sem nenhum pé atrás. Mas aí vêm os clichês. A velha e sábia sabedoria popular repetitiva: "tudo o que vem fácil, vai fácil". Foi. Agora eu que estava acostumada a relações verdadeiras, bem construídas e profundas fico perdida em meio à esse mundo de superficialidade, três porquinhos e faz-de-conta.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Despedidas e melodrama.
Despedidas são mesmo ruins. Por mais que já tenha tido inúmeras nessa minha ainda curta vida de 19 anos, não consigo me acostumar com elas. É verdade que agora sofro bem menos, mas ainda sempre dói. Dessa vez não é nenhuma grande mudança de cidade de pessoa querida. Dessa vez sou eu quem parte. Não mudo de cidade. Vou sair do estágio.
Queria sair faz tempo. No primeiro mês já sabia que aquilo não era pra mim, que eu não estava estudando pra ser assessora. Nada contra. Só não há compatibilidade de perfil e sonhos. Nesse mês, em especial, contava os dias para a saída. Não que tenha sido um tempo ruim. Pelo contrário. Foi extremamente calmo. A questão é que estou de férias e queria dormir, ir à praia, ver filmes ou simplesmente não ter que trabalhar todas as manhãs e todas as tardes.
Bom, chegou o dia. Aliás, chegará. Amanhã. É amanhã, mas eu já sinto uma saudadezinha aqui dentro. Acho que ando mesmo muito emotiva e, até mesmo, melodramática. Pois é. A Fátima do RH veio aqui agora me pedir, como sempre, um DVD e em meio à conversa, como sempre, ela me chamou de bebê. Esse carinho bobo mexeu. Mexeu porque acho que ninguém me chamará mais de bebê como, carinhosamente, ela me chamava. E, se chamar, não será a mesma coisa. Agora, depois de assinar o ponto no fim de todas as manhãs, não vou dar mais a batidinha no vidro da sala do Marcelo só para dar um tchau. Ainda me pergunto até hoje porque repito, religiosamente, esse mesmo ritual todas as vezes que vou embora. Ainda consigo me surpreender com a empatia que tenho a respeito de certas pessoas. Vou, vou sentir falta sim. Minhas manhãs serão bem menos estressantes, mas vou sentir falta sim.
- Não esquece de passar lá na sala amanhã antes de ir embora amanhã.
- Tá.
Incrível como as palavras fogem nos momentos mais importantes. O "tá" que minha boca proferia era a externalização de um grito mudo aqui de dentro: NÃO, NÃO VOU ESQUECER, É CLARO! E vou ficar triste, confesso.
Queria sair faz tempo. No primeiro mês já sabia que aquilo não era pra mim, que eu não estava estudando pra ser assessora. Nada contra. Só não há compatibilidade de perfil e sonhos. Nesse mês, em especial, contava os dias para a saída. Não que tenha sido um tempo ruim. Pelo contrário. Foi extremamente calmo. A questão é que estou de férias e queria dormir, ir à praia, ver filmes ou simplesmente não ter que trabalhar todas as manhãs e todas as tardes.
Bom, chegou o dia. Aliás, chegará. Amanhã. É amanhã, mas eu já sinto uma saudadezinha aqui dentro. Acho que ando mesmo muito emotiva e, até mesmo, melodramática. Pois é. A Fátima do RH veio aqui agora me pedir, como sempre, um DVD e em meio à conversa, como sempre, ela me chamou de bebê. Esse carinho bobo mexeu. Mexeu porque acho que ninguém me chamará mais de bebê como, carinhosamente, ela me chamava. E, se chamar, não será a mesma coisa. Agora, depois de assinar o ponto no fim de todas as manhãs, não vou dar mais a batidinha no vidro da sala do Marcelo só para dar um tchau. Ainda me pergunto até hoje porque repito, religiosamente, esse mesmo ritual todas as vezes que vou embora. Ainda consigo me surpreender com a empatia que tenho a respeito de certas pessoas. Vou, vou sentir falta sim. Minhas manhãs serão bem menos estressantes, mas vou sentir falta sim.
- Não esquece de passar lá na sala amanhã antes de ir embora amanhã.
- Tá.
Incrível como as palavras fogem nos momentos mais importantes. O "tá" que minha boca proferia era a externalização de um grito mudo aqui de dentro: NÃO, NÃO VOU ESQUECER, É CLARO! E vou ficar triste, confesso.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Bobagem.
"Como assim? Ele tá achando que é a nata do leite e eu o resto pobrezinho que sobrou na leitera? Ele tá é muito enganado! Como mostrar que sou muito mais indiferente a esses sentimentos tolos do que ele pensa? Aliás, será que eu tive muitas atitudes para ele chegar a esse papo chato? Meu Deus! Me ajuda! Será que eu não sou tão escrota assim?"
Seguindo a filosofia poliânica da Duda, já encontramos um bom motivo: boas e verdadeiras risadas!
Seguindo a filosofia poliânica da Duda, já encontramos um bom motivo: boas e verdadeiras risadas!
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Cuidado com o que pedes.
Andava reclamando da calmaria. Tudo dando muito certo não tem muita graça. "Quero emoção", foi o que eu disse. Pronto, está aí. Às vezes me acho mesmo engraçada. "Acho que deveria estar com mais raiva". Parecia tudo milimetricamente calculado. Não. A raiva de sábado foi verdadeira. No domingo tudo tinha se diluido, mas eu insisitia em dizer que deveria continuar brava. Por dentro uma alegria cochichava: "e-mo-ção". Agora eu posso pedir a calmaria de volta? Pronto, já me diverti. Quero sombra e água fresca. Rápido! A alegria já virou ansiedade e dai é um pulo pra virar desespero. Aliás, surpresa eu ficaria se desesperasse. Sem desesperar, nem esperar. Agora é assim. Mas um pouquinho triste confesso que ficaria. Mas só um pouquinho!
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Sobre insatisfação.
Me sinto muito mal quando sei que tenho vários motivos para não reclamar, mas não adianta, a maldita da insatisfação grita dentro de mim. Mas isso de não ter o que reclamar é relativo e lembrei da Letícia dizendo que odeia o papo de: "você tem saúde, estudo e uma família que te ama". Sim, eu tenho. Sim, muita gente não tem. Sim, isso é triste pra caralho, mas eu, simplesmente, não posso estar conformada para sempre porque tenho saúde, estudo e família, beijos. A insatisfação é até um sentimento com suas vantagens: é o motor contra a acomodação e a inércia, é o que te faz seguir. Eu sei que meu blog é extremamente chato e que só fala das mesmas coisas: de quando eu estou extremamente triste, de quando eu estou extremamente feliz e da inércia, mas não adianta, tenho uma fixação por círculos. Bom, é isso, estou mais uma vez insatisfeita e deixando os dias passarem na esperança que amanhã seja um melhor. Geralmente tem sido, mas o depois dele é ruim, depois bom, ruim, bom e assim vai sendo, até o dia que não me falte preguiça pra lidar com essa tal insatisfação.
Mantra: insatisfação é o motor contra a acomodação e a inércia.
Está ouvindo, Alana? Repete, respira, repete, respira, respira e repete.
Mantra: insatisfação é o motor contra a acomodação e a inércia.
Está ouvindo, Alana? Repete, respira, repete, respira, respira e repete.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
Vilarejo.
Lá o tempo espera
Lá é primavera Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
(...)
Flores enfeitando
Os caminhos,
os vestidos,
os destinos
E essa canção".
segunda-feira, 12 de julho de 2010
Ciranda de maluco.
Existem algum momentos que ficam eternizados em minha memória. Às vezes são grandes acontecimentos sociais ou pessoais, outros são aparentemente bestas, sem importância, mas sem bem saber o porquê, eles ficam guardados em mim e aparecem de vez em quando me transportando para um tempo passado. A minha memória seletiva tem sido generosa, esses momentos são sempre bons e trazem a sensação de antes, algo sempre alegre, leve ou sublime.
Desde a noite de sábado que de repente me dou conta e estou no meio do Marco Zero. Carnaval de 2010, mais precisamente a noite de sábado do carnaval de 2010. A princípio, só o começo. Mal sabíamos que ali era o fim. Show do Otto. Esperei tanto por esse show, sabia todas as músicas do "Certa noite acordei de sonhos intranquilos" de cor. E esperava, especialmente, por "Crua". Por "Crua" que mexe tanto comigo: "dificilmente se arranca lembrança por isso na primeira vez dói, por isso não se esqueça, dói.", "naquela noite em que eu chamei você fudia". Não teve Crua, não teve Leite, Janaína, nem nada. Mas tinha as minhas amigas. As que vieram de Curitiba e São Paulo passar o carnaval aqui e eu morria de medo de que elas não gostassem. Eu adorava (adoro) aquilo tudo, mas elas não estavam acostumadas. O medo bateu. Bateu e se dissipou já na primeira noite. Quando elas ficaram alegres com Carreteiro e não queriam ir embora. No sábado, o Carreteiro foi a alegria da noite delas de novo. Incrível como esse vinho seduz aqueles que o conhecem de primeira. Mas é questão de tempo. Depois se torna intragável - como algumas pessoas. Voltando ao Marco Zero. Letícia, Tatiana, Panda (e o bofe) e eu. Otto começa a cantar "Ciranda do maluco": a gente acende, aperta, acocha, beija as nega a noite inteira. Todo mundo pulando e eu só lembro da Tatiana indo quase até o chão e da Letícia gritando pra mim: "Você é legal até sóbria!". Eu ria por fora e por dentro me abria em gargalhada: elas gostaram, não há como não gostar. Mal sabíamos nós que o nosso carnaval acabaria ali. Ciranda do maluco, um espetinho e salmonela.
Ano que vem, nada de comer na rua, queridos. Na rua, bebam! Bebam, bebam, bebam e só!
- Aqui em Pernambuco é bom demais!
Desde a noite de sábado que de repente me dou conta e estou no meio do Marco Zero. Carnaval de 2010, mais precisamente a noite de sábado do carnaval de 2010. A princípio, só o começo. Mal sabíamos que ali era o fim. Show do Otto. Esperei tanto por esse show, sabia todas as músicas do "Certa noite acordei de sonhos intranquilos" de cor. E esperava, especialmente, por "Crua". Por "Crua" que mexe tanto comigo: "dificilmente se arranca lembrança por isso na primeira vez dói, por isso não se esqueça, dói.", "naquela noite em que eu chamei você fudia". Não teve Crua, não teve Leite, Janaína, nem nada. Mas tinha as minhas amigas. As que vieram de Curitiba e São Paulo passar o carnaval aqui e eu morria de medo de que elas não gostassem. Eu adorava (adoro) aquilo tudo, mas elas não estavam acostumadas. O medo bateu. Bateu e se dissipou já na primeira noite. Quando elas ficaram alegres com Carreteiro e não queriam ir embora. No sábado, o Carreteiro foi a alegria da noite delas de novo. Incrível como esse vinho seduz aqueles que o conhecem de primeira. Mas é questão de tempo. Depois se torna intragável - como algumas pessoas. Voltando ao Marco Zero. Letícia, Tatiana, Panda (e o bofe) e eu. Otto começa a cantar "Ciranda do maluco": a gente acende, aperta, acocha, beija as nega a noite inteira. Todo mundo pulando e eu só lembro da Tatiana indo quase até o chão e da Letícia gritando pra mim: "Você é legal até sóbria!". Eu ria por fora e por dentro me abria em gargalhada: elas gostaram, não há como não gostar. Mal sabíamos nós que o nosso carnaval acabaria ali. Ciranda do maluco, um espetinho e salmonela.
Ano que vem, nada de comer na rua, queridos. Na rua, bebam! Bebam, bebam, bebam e só!
- Aqui em Pernambuco é bom demais!
segunda-feira, 5 de julho de 2010
LEVItar.
Tanta coisa mudou de um mês para cá. Tanta coisa. Tenho muito a dizer e as palavras estão todas misturadas e embrulhadas em um sentimento egoísta que quero que seja só meu. Venho nesse blog, vejo a última postagem e não me reconheço: aquela não sou eu hoje. Vim aqui, então, tirar a imagem de outrora e transmitir esse sentimento leve. Fica assim essa coisa meio sem pé nem cabeça, que não diz nada, mas que flutua e repousa. Flutua e repousa. Flutua, repousa e voa.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Caminho de feijão.
Estou com saudades das minhas amigas, de ter todas juntas, de sentir o aconchego e lembrar quem eu sou. Acho que estou me perdendo pelo meio do caminho e quem melhor do que as pessoas que me conhecem e me querem bem para me trazerem de volta ao eixo? Para entrar na minha frente e me fazer parar?
- Vem cá, você está indo para aonde, heim, Alana?
Estou precisando de uma bronca dessas para ver se acordo e coloco as idéias no lugar. Estou cansada dessa minha fase compreensiva e benevolente. Não sou assim - não nesse caso - e isso não combina comigo. Como já disse: me perdi. Acho que preciso ouvir em alto e bom som um "toma, cachorra" para voltar à realidade e lembrar que a verdadeira Alana não passa a mão na cabeça. Muito pelo contrário: dá chute na canela.
Estou mesmo com saudades e muitas. Perdida e muito.
terça-feira, 25 de maio de 2010
:D
É tão bom quando as coisas vão, gradativamente, dando certo. O segredo é pensar em uma de cada vez e não se desesperar. Vai dar tempo, vai dar certo. Amém.
(Não sei quando nem de onde tirei todo esse otimismo, mas tem me feito muito bem.)
(Não sei quando nem de onde tirei todo esse otimismo, mas tem me feito muito bem.)
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Ontem, hoje, aqui, agora, lá.
É impressionante como ainda consigo me surpreender com coisas que já sabia. Uma delas é a certeza de que posso fazer mil planos, imaginar "n" possibilidades e que, na vida real, a que vai acontecer será a possibilidade "n+1": justo aquela que não imaginei. Quando era mais nova - e um pouco mais bobinha - me recusava a pensar em certas coisas que eu queria muito que acontecessem, justamente por saber que se, caso eu pensasse, elas não iriam acontecer daquele jeito, hehe. Hoje não me dou mais a esse bloqueio imaginativo (-q?), até porque poucas são as minhas expectativas relativas a quase tudo. Além disso, acho que Freud e sua realidade psíquica e alguém, - que não sei o nome mas que é citado em todas as aulas pelo meu professor de Comunicação Comparada - que diz que coisas reais, mesmo que não sejam reais, mas que acreditadas por nós como tais, geram consequências reais, têm me influenciado bastante. Na verdade, sempre tive um pouco disso, as perguntas: o que é real? Quem garante que o mundo dos sonhos não é o real? Sempre me rondaram. Mas nunca consegui chegar a uma conclusão satisfatória quanto a isso.
Não sei bem o porquê de ter escrito isso. Queria comentar só sobre a simbologia de que um ponto final sempre pode virar reticências e que, a meu ver, as reticências é que deviam ser um ponto final. Reticências são três pontos finais, parece mais conclusivo. Bom, não sei, deixa pra lá. Me deixa pra lá. Te deixo pra lá. Nos deixamos lá: no passado e nos sonhos. Com consequências atuais e reais. Acho que faz mesmo sentido.
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Êxtase.
Sabe quando você se sente leviitando? Sabe uma alegria boba que pulsa dentro de você e desperta sorrisos espontâneos e inesperados? Pronto, é isso. Tudo estaria ótimo se eu não tivesse pavor de perder o controle. Eu gosto de sorrir, mas na hora que quero. Adoro levitar, mas quando for de minha vontade. Não que eu não quisesse fazer nada disso agora, mas o que me assusta é que não sou eu quem orderno essas sensações. De vez em quando, posso até forçar o maxilar, fazer sumir o sorriso, dar uma boa sacodida na cabeça, voltar ao chão e reestabelecer o controle parcial, mas a alegria continua aqui. Vindo, vindo e ficando cada vez mais intensa. É tão forte que sinto como se pudesse tocá-la. O único problema é que é uma alegria boba, muito boba! Só não mais do que eu.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Nova Alana de novo.
Nessa semana eu começo mais uma fase de "nova Alana". Sempre venho com essa quando acho que estou fazendo as coisas pelo caminho errado. Pois é, essa é época de acertar ponteiros e estou feliz com o resultado da segunda-feira: dormi cedo, não usei elevador e resolvi minhas pendências acadêmicas de início da semana. Amanhã é dia de tomar banho frio e não chegar atrasada no estágio, hehe. Aos pouquinhos vou melhorando e ficando bem comigo mesma. Não dá pra empurrar as coisas com a barriga para sempre, né?
sexta-feira, 7 de maio de 2010
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Mariana.
Oi, Mariana. Tenho até vergonha de vir te importunar com as minhas crises. Sei que, dessa vez, a culpa foi minha, só minha. Estava mais do que claro aonde isso tudo ia chegar, eu sabia, mais do que ninguém, sabia isso que isso não levaria a lugar nenhum e que, no fim das contas, a mais estagnada e machucada da história seria eu. Só posso ter tendências masoquistas e transtorno bipolar. Deve ser isso. Agora eu me vejo aqui, nessa madrugada de domingo, sem saber o que fazer - sem ter o que fazer - mas, ao mesmo tempo, com tantas obrigações dando socos na minha cabeça tonta e gritando: "Acorda, Alana, o mundo não vai parar só porque você quer!". Eu queria é ter coragem de gritar o foda-se geral: de não ir amanhã pro estágio, de faltar prova, de não fazer entrevista com pesquisador algum, de não fazer as matérias da revista e, claro, de gritar o foda-se maior. Só que com esse, sei que quem iria se fuder era eu. Mas se eu estou me fudendo agora, será que tenho muito a perder?
Ah, essa minha covardia e tendência à inércia. Porra, de verdade, isso não tem mais graça. Só posso ser muito idiota mesmo.
Ah, essa minha covardia e tendência à inércia. Porra, de verdade, isso não tem mais graça. Só posso ser muito idiota mesmo.
quinta-feira, 29 de abril de 2010
Brincadeiras de (não) crianças.
Esses dias li no blog da Vanessa um texto sobre linhas, limites. Gostei bastante e, no momento em que vi, pensei em escrever algo sobre, mas ainda bem que não já fiz a intertextualidade. Ela me é necessária agora. Preciso dela e de uma brincadeira de criança que eu adorava: coelhinho sai da toca.
A professora riscava círculos com giz no chão do pátio, cada criança entrava em um e uma ficava para fora. Quando a tia gritava: "coelhinho sai da toca!", todo mundo corria e entrava em outro círculo. Quem ficasse fora, perdia. Hoje eu brinco de novo, mas a professora que grita é a minha consciência. Só que ela está dentro de mim e os outros coleguinhas não escutam. Dentro do círculo, há mais de um, há dois, há três e a brincadeira não é assim. Esse um, esses dois, além disso, ficam entrando e saindo intermitentemente, mas a decisão de acabar com essa brincadeira sem propósito é minha. Aquele espaço dentro do círculo é meu e só cabe à mim impedir que eles entrem, mas, ah! A "intermitência é tão erótica" e eu sou tão fraca. Tão fraca e preguiçosa. Podia, eu mesma, sair de uma vez desse círculo maldito que eu insisto em contornar. Escuto a ordem da professora, mas continuo ali, parada. Está aí meu outro ponto fraco: a inércia e a tontura. Adoro ficar tonta.
A esperança é que eu canse e resolva brincar de esconde-esconde.
A professora riscava círculos com giz no chão do pátio, cada criança entrava em um e uma ficava para fora. Quando a tia gritava: "coelhinho sai da toca!", todo mundo corria e entrava em outro círculo. Quem ficasse fora, perdia. Hoje eu brinco de novo, mas a professora que grita é a minha consciência. Só que ela está dentro de mim e os outros coleguinhas não escutam. Dentro do círculo, há mais de um, há dois, há três e a brincadeira não é assim. Esse um, esses dois, além disso, ficam entrando e saindo intermitentemente, mas a decisão de acabar com essa brincadeira sem propósito é minha. Aquele espaço dentro do círculo é meu e só cabe à mim impedir que eles entrem, mas, ah! A "intermitência é tão erótica" e eu sou tão fraca. Tão fraca e preguiçosa. Podia, eu mesma, sair de uma vez desse círculo maldito que eu insisto em contornar. Escuto a ordem da professora, mas continuo ali, parada. Está aí meu outro ponto fraco: a inércia e a tontura. Adoro ficar tonta.
A esperança é que eu canse e resolva brincar de esconde-esconde.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
Sobre poder e comunicação.
A teoria relacional estabelece o poder como uma relação entre dois sujeitos, dos quais o primeiro obtém do segundo um comportamento que, em caso contrário, não ocorreria.
É assim que me sinto hoje: presa a essas amarras da teoria relacional do poder. Um domingo estudando ciência política à parte, a reflexão volta na segunda quando me sinto obrigada a corrigir os erros dos outros como se fossem meus e só o faço por conta desse dito "poder" maldito. Não tenho problema nenhum com erros, acho até que eles costumam ser bastante construtivos e são muito naturais. O que me incomoda - e muito - é quando as pessoas não os assumem e as consequências dessas faltas atingem alvos errados.
Uma coisa que aprendi nesses últimos tempos é o valor imenso das palavras, dos assuntos explícitos e dos comandos explicados. Segundo um "amigo", a falta de comunicação é causa de 90% da quebra das empresas. Sem fonte, completei que é a de 99% do fim de relacionamentos.
Dados, estatísticas e especulações de lado, falta de comunicação e de responsabilidade, assim como de humildade e sinceridade acabam com empresas, com relacionamentos, com meu humor e comigo.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Foi tanta água que meu boi nadou.
Hoje acordei muito bem.
Para mim não faz sentido algum, mas sempre acordo melhor humorada quando durmo pouco. Fui deitar às 03:00 por causa de um trabalho que não consegui acabar e acordei muito bem - obrigada - às 06:30. Suspeito que deva haver alguma explicação científica para isso, algo como níveis do sono ou coisa assim, mas deixemos a ciência de lado, vim aqui falar do acaso.
Saí de casa e fazia meu caminho ao ponto de ônibus quando quase presenciei um acidente em um cruzamento não sinalizado: um carro e um ônibus quase se chocaram. Acho engraçado quando pessoas quase trombam: as duas param e depois fica a dúvida de quem deve seguir. Por diversas vezes, as duas ameaçam andar ao mesmo tempo até que uma resolve ficar parada. Nesse caso, o carro parou. Acredito que o tamanho do ônibus tenha sido um bom argumento para a "gentileza". Por causa desse quase choque, lembrei de um filme: "Não por acaso". Não me recordo muito do enredo, apenas que envolvia um engenheiro de trânsito e aquela tão batida questão de: e se eu tivesse saído 5 minutos mais cedo? E se eu não tivesse esquecido a chave e tido que voltar em casa? Coisas assim. Coisas que recheam o nosso dia-a-dia e que podem mudar todo o rumo da nossa vida. Como o título já diz, esses acasos (?) de sinais abertos, fechados, encontros e desencontros rodeiam toda a obra. Além disso, lembro que o Rodrigo Santoro é o ator principal e que minha mãe gostou tanto que assistiu duas vezes, no mesmo fim de semana - sem dúvida isso foi o que mais me marcou.
Em meio à digressão, continuei seguindo até o ponto de ônibus. Assim que cheguei, a chuva começou a cair, uma chuva forte, com muito vento e um sol. Linda, linda, linda. Já estava extasiada quando começa a soprar nos meus fones de ouvido: "O sabiá no sertão, quando canta me comove, passa 3 meses cantando e sem cantar passa 9, porque tem a obrigação DE SÓ CANTAR QUANDO CHOVE!"
Não poderia haver coincidência melhor do que essa. Desde que escuto o programa de música brasileira da Rádio Oi, nunca ouvi Cordel. E não era só tocar Cordel. Era tocar "chover" numa manhã de quinta-feira (meu dia preferido) e enquanto chovia!
Não poderia ganhar presente melhor. Alma, espírito, corpo, cabeça e coração lavados.
Mais uma ironia do destino: a chuva começou a cair.
Para mim não faz sentido algum, mas sempre acordo melhor humorada quando durmo pouco. Fui deitar às 03:00 por causa de um trabalho que não consegui acabar e acordei muito bem - obrigada - às 06:30. Suspeito que deva haver alguma explicação científica para isso, algo como níveis do sono ou coisa assim, mas deixemos a ciência de lado, vim aqui falar do acaso.
Saí de casa e fazia meu caminho ao ponto de ônibus quando quase presenciei um acidente em um cruzamento não sinalizado: um carro e um ônibus quase se chocaram. Acho engraçado quando pessoas quase trombam: as duas param e depois fica a dúvida de quem deve seguir. Por diversas vezes, as duas ameaçam andar ao mesmo tempo até que uma resolve ficar parada. Nesse caso, o carro parou. Acredito que o tamanho do ônibus tenha sido um bom argumento para a "gentileza". Por causa desse quase choque, lembrei de um filme: "Não por acaso". Não me recordo muito do enredo, apenas que envolvia um engenheiro de trânsito e aquela tão batida questão de: e se eu tivesse saído 5 minutos mais cedo? E se eu não tivesse esquecido a chave e tido que voltar em casa? Coisas assim. Coisas que recheam o nosso dia-a-dia e que podem mudar todo o rumo da nossa vida. Como o título já diz, esses acasos (?) de sinais abertos, fechados, encontros e desencontros rodeiam toda a obra. Além disso, lembro que o Rodrigo Santoro é o ator principal e que minha mãe gostou tanto que assistiu duas vezes, no mesmo fim de semana - sem dúvida isso foi o que mais me marcou.
Em meio à digressão, continuei seguindo até o ponto de ônibus. Assim que cheguei, a chuva começou a cair, uma chuva forte, com muito vento e um sol. Linda, linda, linda. Já estava extasiada quando começa a soprar nos meus fones de ouvido: "O sabiá no sertão, quando canta me comove, passa 3 meses cantando e sem cantar passa 9, porque tem a obrigação DE SÓ CANTAR QUANDO CHOVE!"
Não poderia haver coincidência melhor do que essa. Desde que escuto o programa de música brasileira da Rádio Oi, nunca ouvi Cordel. E não era só tocar Cordel. Era tocar "chover" numa manhã de quinta-feira (meu dia preferido) e enquanto chovia!
Não poderia ganhar presente melhor. Alma, espírito, corpo, cabeça e coração lavados.
Mais uma ironia do destino: a chuva começou a cair.
sábado, 27 de março de 2010
Legião de lembranças.
O Renato Russo faria 50 anos hoje.
A MTV já passou especial, o Jornal da Band já exibiu matéria, já ouvi um programa inteiro dedicado à Legião Urbana em alguma rádio e o Altas horas, mais tarde, também será uma homenagem. Depois dessa enxurrada de Legião, só consigo pensar nas músicas deles.
Ao assistir hoje, mais uma vez, ao Acústico MTV Legião Urbana, um monte de lembranças tomou conta de mim. Difusas e diversas, sem ordem cronológica, mas todas muito intensas. Nunca tinha me dado conta disso, mas posso dizer que as músicas da Legião foram trilha sonora de grande parte da minha vida; de momentos felizes e de outros incrivelmente tristes, isso me soa tão estranho. Escuto coisas tão diferentes e posso dizer que as bandas se dividem em duas categorias: para momentos felizes e para momentos tristes. Acho que Legião é a única que contempla bem os dois lados da divisão para mim.
Lembrei de quando eu fui embora de CG e antes de chegar em Recife passei, como sempre, as minhas férias em Marechal Deodoro - AL. Cai naquela cidade como que de pára-quedas e o pior: não pulei por vontade própria. Achava que não tinha nada a ver com os meus familiares e a única coisa que me unia a apenas UM deles era a Legião. Passava muito tempo cantando com o meu primo e me lembrei de uma das vezes: uma tarde na sala da casa da minha avó. O Deivid, o Lucas, a minha mãe e eu. Os quatro sentados, escutando um cd que megalomaniacamente se intitulava "As melhores da Legião" quando chegou a vez de "Faroeste Caboclo". Naquela época, saber cantar toda a Faroeste era motivo de grande orgulho. Os três, empolgadamente cantavam até que chegou a parte: "Foi quando conheceu uma menina e de todos os seus pecados ele se arrependeu. MARIA LÚCIA era uma menina linda e o coração dele pra ela o santo cristo prometeu (...)". Minha mãe que, até então, permanecia calada apontava exageradamente para o meu primo. Minha tia, mãe dele e irmã dela, se chama Maria Lúcia; minha mãe e suas jogadas de mestra.
Saber cantar inteira uma música de 9 minutos realmente parecia uma coisa impressionante. Muitos banhos depois de teóricas educações físicas eram acompanhados de "Faroeste Caboclo". Saíamos rápido da aula, quase que correndo, para conseguir logo um banheiro e tinha que ser um do lado do outro. Logo eu que reclamo tanto hoje de inconveniência provavelmente era uma pessoa muito sem noção. Demorava um tempão no banho no colégio só pra cantar "Faroeste Caboclo" por inteiro. Eu em um box, a Eduarda no do lado e não cantávamos, gritávamos toda a música até que o banho acabava e a pessoa que esperava podia tomar seu banho e em silêncio.
Depois da fase de Faroeste Caboclo, conheci uma Legião não tão pop. Foi quando o Jardim - um amigo que estudava no segundo ano comigo - me deu um cd com um programa com toda a discografia, fotos e todas as letras da banda. Passei os 15 dias das férias do meio do ano ouvindo esse cd sem parar. Me apaixonei por "Os barcos", "Andréa Dória", "Daniel na cova dos Leões", "Maurício" e "Acrylic on canvas". Foi uma fase tão intensa. Passei uma semana longe do meu namorado da época e achava que ia morrer. Ficava o dia todo escutando essas músicas e lembrando dele. Só agora é que percebo que essas músicas não tinham absolutamente nada a ver com ele nem conosco. Falando nas músicas e nele, escrevi, inclusive, um trecho de "Acrylic on canvas" em uma carta das algumas vezes em que eu queria terminar o namoro:
"E era sempre:
'- Não foi por mal, eu juro que nunca quis deixar você tão triste.'
Sempre as mesmas desculpas
E desculpas nem sempre são sinceras;
Quase nunca são."
Pensando bem, acho que essa parte tinha muito a ver com ele.
Depois veio a obra de arte para a Raíssa. Era aniversário dela e a criatividade estava de férias. A Emanuele teve, então, a idéia de fazermos um clipe. Até hoje me pergunto o porquê de ela ter pensado em "Mais do mesmo" e no motivo pelo qual nem a Âni nem eu questionamos isso. A música tem uma história, certo, mas que não tem nada a ver com a nossa amizade. Tudo bem. Faltei o curso e fomos filmar o clipe. A música é uma conversa entre um menino branco e outro preto. A Âni passou tinta de tecido branca no rosto e a Emanuele preta - só a Âni teve alergia depois. Eu filmei. Depois de interpretações belíssimas e incríveis efeitos especiais, participei do fim: vestida de índia, deitada no chão e cheia de catchup pelo corpo enquanto o Renato Russo cantava: "Todos os índios foram mortos, mortooooos..". Morro de risada quando vejo esse clipe hoje. A Raíssa deve ter pensado, seriamente, em fazer novas amizades. E toda vez que escuto essa música não tem como não lembrar dela e da brilhante cena de "Em vez de luz, tem tiroteio no fim do túnel." Primeiro, uma mão tampou a lente da câmera deixando tudo preto, depois aparece uma parede e pedras sendo arremessadas contra ela - um tiroteio, claro, como não?
"Natália" é importante por vários motivos. É uma música não muito conhecida e incrivelmente forte, pessimista e mais: otimista. Começa: "Vamos falar de pesticidas e de tragédias radioativas. De doenças incuráveis, vamos falar de sua vida". Termina: "É preciso acreditar em um novo dia, na nossa grande geração perdida, nos meninos e meninas, nos trevos de quatro folhas". Mas eu nunca consigo esquecer que "A escuridão ainda é pior que essa luz cinza (MAS ESTAMOS VIVOS AINDA)" Caramba, não sei definir se essa música me estimula ou me deixa desesperançosa. Causa um aperto bem forte no peito, mas não sei o significado, só sei que adoro essa parte: "Mas quem sabe um dia eu escrevo uma canção pra você" e que, em muitas vezes, eu só quero "saber de algodão-doce". Fiquei muito feliz quando, em uma noite chuvosa, o Vinícius começou a cantá-la.
Poderia escrever mais linhas e linhas falando de outras músicas e momentos, mas confesso que cansei e aposto que você também. Só queria fazer uma menção honrosa, haha, ao Espiga, meu grande companheiro de Legião. Para finalizar, um trecho que não está relacionado a nenhuma lembrança específica, mas que vem à minha mente em todos os momentos desesperadores: "Estou cansado de bater e ninguém abrir". Porque desgraça pouca é bobagem e nada melhor que uma frase como essa quando já se está mal.
URBANA LEGIO OMNIA VINCIT!
sexta-feira, 26 de março de 2010
Chuva, sono e fogo.
"- Não precisava ter acordado hoje."
Essa foi a frase que repeti mentalmente no fim da minha manhã. Depois da sucessão de tarefas mal-sucedidas e inconclusas, um banho - de chuva não - de tempestade não veio nada a calhar e o contraditório é que gosto tanto de chuva e de uma boa lavagem de alma. Mas hoje não. Hoje era o dia que eu ganhava mais tendo ficado dormindo e não podia correr o risco de excitar as bactérias das minhas amígdalas com uma água gelada. Só esqueci de conversar com o vento a respeito da minha situação quase-cirurgia e o querido que estava acostumado com a Alana-molhada-da-chuva quis me fazer um agrado e não só molhou todo o meu tênis, mas também minha calça, minha bolsa, minha pasta e minha blusa branca, claro. Foi tão atencioso que se preocupou, inclusive, com os futuros gritos histéricos da minha mãe e providenciou um álibi: quebrou minha sombrinha. Que falta faz um bom diálogo: se eu tivesse contato a ele das minhas crises de garganta e que minha mãe está viajando, não precisaria de álibi, não teria roupa molhada, mas também não haveria uma tarde de redenção: quem não tem uma manhã de sono, merece dormir uma tarde toda.
É, me dei esse presente. Quando as coisas no dia estão todas dando errado, fique em casa, vá dormir. O máximo que pode acontecer é que você tenha um pesadelo, mas eles são, geralmente, inofensivos depois que você acorda. Dormi e acordei pronta para dizer, de novo, que não sabia fazer várias coisas e quem se importa com isso? Eu não. Depois dessa tarde revigorante, não me importo com mais nada, pelo menos até amanhã de manhã.
Segredo: fui dormir morrendo de medo do prédio pegar fogo.
terça-feira, 2 de março de 2010
O amigo do próximo.
Existem coisas que não precisam ser ditas. Elas são sentidas e pronto. Não precisam ser verbalizadas para evitar um mal-estar futuro, são coisas que vêm e passam e se não passam, paciência, aí que não precisam ser ditas mesmo, ou até que sejam, você não vai se importar.
Por exemplo: você diria a alguém: "Querido, não aguento mais olhar para a sua cara!"?
Eu não disse. Não disse nada.
Algumas vezes, deixei mofar e em outras, mofei. O bolor parecia ser a minha cara de insatisfação e impaciência. O meu mau-humor, a minha grosseria e as minhas frases curtas e arrogantes denunciavam tudo. Nessas vezes, a maldita frase poderia até ter sido benéfica para ambas as partes naquele momento, mas e depois? Depois vem o tal do sentimento. O sentimento que se for machucado, não cura, não tem reparo, remendo, nem nada que seja pra fazer voltar ao normal. Nessas horas, o que se tem a fazer é respirar fundo e continuar sendo arrogante e chata e amarrar a tal frase no fundo do estômago, fazendo-a revirar toda vez que você olhar o dito rosto ou escutar a intensa voz. E É só não se preocupar: se a ânsia passar, o álibi da TPM é valiosíssimo. Se não passar, é só vomitar em cima de quem quer que seja.
Ah, como são adoráveis as pessoas as quais não conhecemos.
Por exemplo: você diria a alguém: "Querido, não aguento mais olhar para a sua cara!"?
Eu não disse. Não disse nada.
Algumas vezes, deixei mofar e em outras, mofei. O bolor parecia ser a minha cara de insatisfação e impaciência. O meu mau-humor, a minha grosseria e as minhas frases curtas e arrogantes denunciavam tudo. Nessas vezes, a maldita frase poderia até ter sido benéfica para ambas as partes naquele momento, mas e depois? Depois vem o tal do sentimento. O sentimento que se for machucado, não cura, não tem reparo, remendo, nem nada que seja pra fazer voltar ao normal. Nessas horas, o que se tem a fazer é respirar fundo e continuar sendo arrogante e chata e amarrar a tal frase no fundo do estômago, fazendo-a revirar toda vez que você olhar o dito rosto ou escutar a intensa voz. E É só não se preocupar: se a ânsia passar, o álibi da TPM é valiosíssimo. Se não passar, é só vomitar em cima de quem quer que seja.
Ah, como são adoráveis as pessoas as quais não conhecemos.
segunda-feira, 1 de março de 2010
Elos.
Sou muito ligada ao passado, desde o mais longínquo a ontem. Volta e meia estou eu falando sozinha, contando pra alguém invisível alguma situação que aconteceu na minha vida. Já sei todas as falas, as entonações, o modo que eu vou descrever mesmo, tudo de cor.
Hoje o passado se mostrou não como um conto a um fantasma, era o fantasma que me contava e confesso que não gostei. Foi uma sensação muito estranha. Era como se eu não estivesse vivendo, só expectanto, me vendo em um lugar do passado, com pessoas do passado, fazendo coisas do passado, mas no presente. E a Alana que estava ali não era do passado, nem do presente e acho que muito menos do futuro. Era como se eu não estivesse, mas tenho certeza que estava. O pior de tudo é que eu sei que sou eu que ando vasculhando esses tempos remotos, procurando lembranças. Me vejo com uma pá cavando, cavando, tentando encontrar. Só espero que eu não caia no meu próprio buraco, nem que eu me enforque com essa corda que eu insisto em segurar e puxar.
A corrente pode até só estourar quando os elos são fracos. Mas e a ferrugem?
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Tornar comum.
Queria voltar faz tempo, mas acho que faltava um momento especial.
Chegou. Assim: como quem não quer nada.
Parecia só mais uma quinta-feira. Só mais uma não, essa era diferente: há quanto tempo eu não levantava cedo? Confesso que, de manhã, preferia que fosse só uma qualquer, mas essas coisas a gente não escolhe, isso eu já aprendi. Lição 2: não adie o inadiável. OK. Lição 3 e a mais importante: NÃO SUBESTIME AS PESSOAS.
Sabe quando você sente que acabou de viver um momento inesquecível? Foi isso. O mais legal é que eu pensei isso quarta de manhã e hoje tive certeza. Pronto, uma semana inesquecível define bem. Sensações novas, ânimo revigorado. As pessoas pararam até de me cansar.
Lição 4: faça silêncio e mostre atenção.
As pessoas vão te mostrar que elas têm muito de interessante, acredite.
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